“Condição humana caracterizada por privação sustentada ou crónica de recursos, capacidades, escolhas, segurança e poder necessários para o gozo de um adequado padrão de vida e outros direitos civis, culturais, económicos, políticos e sociais” (Comissão sobre Direitos Sociais, Económicos e Culturais, das Nações Unidas) (2001), ou seja, de uma forma mais simples, poderíamos dizer que a pobreza é a privação das condições necessárias para termos acesso a uma vida digna.

EAPN Portugal / Rede Europeia Anti-Pobreza

No preâmbulo dos estatutos da Comunidade, consta que “ A COMUNIDADE VIDA E PAZ, nascida da iniciativa de um grupo de católicos liderados pela irmã Maria Gonçalves Martins, religiosa da Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima, tendo em vista o exercício da caridade em favor dos mais pobres, designadamente as pessoas em situação de sem-abrigo, foi constituída em Pessoa Jurídica Canónica com a aprovação dos seus estatutos, pelo decreto de 17/IV/1989 de Sua Eminência o Senhor Cardeal-Patriarca de Lisboa”.

A Comunidade Vida e Paz tem como missão ir ao encontro e acolher pessoas em situação de sem-abrigo (PSSA), ou em situação de vulnerabilidade social, ajudando-as a recuperar a sua dignidade e a (re)construir o seu projeto de vida, através de uma ação integrada de prevenção, reabilitação e reinserção. Ou seja, trabalhar com elas, para elas e por elas, aumentando a sua autoestima e a sua dignidade.

A sua intervenção encontra-se dividida em três grandes eixos:

  • IR AO ENCONTRO

    O Centro de Intervenção de Primeira Linha (CIPL) tem a sua ação centrada na identificação das necessidades e expectativas das PSSA, na promoção da qualidade de vida e na procura de respostas alternativas à situação das pessoas atendidas. Vai ao encontro das pessoas que estão na rua, através das suas diversas respostas sociais, que cobrem áreas tão diversas como Lisboa, Amadora, Odivelas e Loures, tendo apoiado 1702 pessoas, em 2021.É também no Centro de Intervenção de Primeira Linha que se encontram integrados os mais de 600 voluntários das Equipas de Rua, numa dedicação extraordinária aos “pobres dos Pobres”.
  • TRATAMENTO E REABILITAÇÃO

    Acolher e reabilitar pessoas com adições. Olhar a pessoa na sua integralidade é um passo fundamental na capacitação e recuperação da autoestima. É a fase da “cura”, realizada nas 2 Comunidades Terapêuticas (Tomada e Fátima) onde foram tratadas, durante o ano de 2021, 254 pessoas e, posteriormente, realizada nas 2 Comunidades de Inserção (Tomada e QES), onde, em 2021, foram tratadas 129 pessoas.

  • REINSERÇÃO

    Finalmente, a consolidação da “cura”, promovendo a inserção dos utentes na sociedade, ou seja trabalhar com eles, na conclusão dos Programas de Reabilitação, orientando-os para o desenvolvimento das suas capacidades, promovendo a sua empregabilidade e sua autonomização. Esta fase conta com 6 apartamentos de reinserção onde, paulatinamente, as Pessoas vão consolidando a sua autonomia, e um Programa de Acompanhamento Pós-alta.

 

Quem são as pessoas que confiam em nós?

Os pobres dos mais pobres. As pessoas que, na sua generalidade, perderam laços e relações familiares, o emprego e o seu teto. Pessoas que estão presas a  adições (álcool e drogas). Muitas com doenças resultantes da situação de pouco cuidado com o corpo. Muitas com doenças do foro mental. Todas perderam a sua autoestima e dignidade como Pessoa.

São estes Pobres, nas suas circunstâncias de vida diferentes e ao mesmo tempo semelhantes, que acolhemos e ajudamos a recuperar a sua dignidade, a (re)construir o seu projeto de vida, através de uma ação integrada de prevenção, reabilitação e reinserção.

Temos, felizmente, ajudado muitas pessoas a recuperarem plenamente a sua dignidade e autonomia. Mas muitos nunca mais vão recuperar a sua plena autonomia, pela idade e/ou doenças incapacitantes, ficando nas nossas unidades até morrerem por não terem família que os acolha ou por não haver uma resposta social direcionada para esta nova realidade.

Aliadas ao conceito de pobreza estão as decisões e políticas governamentais, pois promovem ou combatem a pobreza. No entanto, não combatem a pobreza quando têm como prioridade o estrito cumprimento de normas ao invés de ter como prioridade o Bem da Pessoa. Um claro exemplo é a situação escandalosa de o Ministério da Saúde, desde 2008, não atualizar as comparticipações da sua contribuição para o tratamento de pessoas nas Comunidades Terapêuticas.

Este tipo de “pobreza” — a não preocupação com a PESSOA — é muito preocupante e encontramo-lo, infelizmente, com demasiada frequência, dentro das instituições com poder de decisão.

Precisamos que as instituições governamentais que têm sob a sua responsabilidade o combate à pobreza, ou antes a Dignificação da Pessoa, se tornem mais humanizadas e menos burocráticas.

A Direção da Comunidade Vida e Paz