Ficou-me no ouvido a frase do Francisco, já no fim da visita à Quinta da Tomada: «vou rezar por vocês»

Ficou-me no ouvido a frase do Francisco, já no fim da visita à Quinta da Tomada: «vou rezar por vocês». São pessoas como o Francisco é que me levam a repensar a vida. Seria demasiado fácil conquistar esta Simplicidade através de uma qualquer transação bancária, e é por isso que não acontece.
Toda a minha vida profissional foi-se fazendo através de relatórios sobre encontros e desencontros, reuniões formais e informais, análises e projeções, tudo isso com o possível pragmatismo. Agora, já afastado dessas lides, prefiro falar a partir das entranhas, do que o coração me dita. No caso do sábado com o grupo da Comunidade Vida e Paz, é mesmo isso que me apetece:
a) gostei de cada um de vocês, que responderam sempre, com clareza e sem rodeios, às perguntas que vos íamos colocando. Nunca falando em nome próprio, porque era a Comunidade propriamente dita que queriam que descobríssemos.Têm, de certeza, muita coisa a contar, mas ficará para outro dia..

b) gostei das duas pessoas que nos receberam no Espaço Aberto, e fiquei a pensar na importância das suas decisões sobre o encaminhamento possível de todos os «sem abrigo» que lhes batem à porta.

c) gostei da cozinheira que nos disse que não custava nada cozinhar todos os dias para tanta gente, e nos perguntou se queríamos o carapau de dieta ou normal. Via-se que estava contente em confiar-se ao Celestino e aos «visitantes», estava bem consigo. E o arrozinho, que repeti, também estava excelente.

d) gostei de cada um dos «guias» que, tanto na Quinta do Espírito Santo como na Quinta da Tomada, nos ajudaram a perceber com é que funciona o dia-a-dia. Ambos conscientes da responsabilidade dessas ocasionais funções, deu gosto sentir o seu empenho nessa tarefa.

e) Gostei da carrinha onde nos deslocámos, porque era cómoda, e porque transporta os voluntários que, como vocês, asseguram o pão e o leite quente, mas sobretudo ,«o carinho do amigo », a tantos outros homens iguais a nós que precisam de ajuda desinteressada. Vocês são todos heróis.

f) Gostei de constatar que a média etária do conjunto dos que fazem a Comunidade Vida e Paz acontecer, estará nos 30/40 anos (ou menos), o que deixa antever que, graças a Deus, não esquecendo a experiência e sabedoria dos mais velhos, a «aposta» entusiasta no ambicioso projeto iniciado há 25 anos com a Irmã Maria vai continuar..

g) Já agora, quero igualmente acrescentar que também gostei dos meus parceiros. Todos contentes pelo que íamos vendo e ouvindo ,o inicial ambiente de alguma contenção foi gradualmente transformando-se numa agradável atmosfera informal entre nós .Inclusive, criando tacitamente uma espécie de cumplicidade.

Como decerto não vos escapou, gostei de tudo. Comecei a entender porque é que os anos vão passando e vocês não abalam. Mesmo se, ou talvez por isso, nem todos os dias sejam de acalmia…

Um grande abraço.

Obrigado!